Manuela me olhou séria através do espelho e disse:
- Eu pedi para o Papai do Céu para você ficar grávida.
A frase saiu por volta das 11 e meia da noite de um dia de semana, após uma ruidosa festinha em um buffet infantil, já em casa, mas ainda no banheiro tentando tirar todo o grude de balas e pirulitos do rosto, cabelo e mãos da minha menina.
Estávamos, obviamente, muito cansadas, principalmente para aquele tipo de conversa. Preferi olhá-la através do espelho e soltei um sorriso – dos mais sinceros da minha vida – de pura ternura.
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Esse mesmo dia de semana, que terminou tarde, também havia começado cedo. Começou de verdade quando a mesma menina acordou, já teve um arranca-rabo com os irmãos e voltou para cama. Deitou-se com a cara no travesseiro, forçou um choro e disse que estava muito, muito chateada com os meninos.
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Manuela já foi a luz, o raio, a estrela e o luar para o Joaquim e o Pedro. Atualmente, quando noto uma segregação clara entre meninos e meninas na minha própria casa, ela é apenas uma menina, daquelas típicas que brinca de boneca e casinha, diga-se.
O Joaquim e o Pedro são os meninos também típicos, que vivem as brincadeiras de super-heróis em intensidade máxima.
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- Mamãe, eu já tenho 2 amores: o Quiquim e o Pepê. Mas agora eu preciso de mais um amor.
(Disse-me ela já deitada em sua caminha, quase delirando de sono.)
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Eu sou uma mãe que sabe dizer “não” sem a menor culpa. Também sou capaz de negociar algumas questões, quando acho que convém. E, é lógico, falo “sim” para o que é permitido.
Dessa vez, está mais fácil, pois o pedido foi para o Papai do Céu e eu me sinto livre para qualquer tipo de posicionamento sobre o assunto.
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